Sexo por sexo. É importante que o conceito do swing esteja muito claro antes de você se aventurar nessa experiência com seu par. Se a ideia é fugir do tédio, fortalecer a intimidade e criar novas práticas sexuais, vale a pena se aprofundar melhor no assunto.
Diferentemente do poliamor, o swing não envolve vínculo afetivo e tem como principal lema: “Não se apaixone”.
"Swing e poliamor são práticas não monogâmicas consensuais. Mas, no swing, você não espera envolvimento romântico e a ideia é que você tenha práticas sexuais com outros casais. Essa prática costuma envolver pessoas, de certa forma, mais conservadoras”, explica a sexóloga Caroline Busarello Brüning.
Isso porque muitos acordos e regras são previamente definidos entre casais antes de ingressarem nessa jornada liberal.
"O poliamor parte do princípio que você pode se apaixonar ou formar vínculos afetivos com outras pessoas”, reforça a especialista. Mas, em ambos os casos, o casal primário é quem define as regras.
A prática do swing se baseia no prazer momentâneo
Oswing é uma das práticas do relacionamento liberal que, além da troca de casais, envolve o ménage à trois e o exibicionismo.
"O relacionamento liberal se baseia no sexo, no prazer momentâneo. É o casal que sai para viver uma aventura, volta para casa e continua na sua relação fixa”, define Camila Voluptas, fundadora da sociedade de swing Voluptas e autora do livro “Ela, Dama de Espadas”.
“E o ideal é que seja consensual e bom para os dois. A prática de swing pode ser extremamente prazerosa para quem tem esse desejo, contando que todo mundo queira e que não gere prejuízo para si e nem para as outras pessoas. Qualquer prática vai ser legal se está todo mundo na mesma página”, reforça a sexóloga.
Primeira dica antes de buscar uma casa de swing: diálogo entre o casal
O passo inicial é que as duas pessoas da relação estejam de acordo e aceitem fazer essa jornada juntas. “É preciso ter um grau de autoestima, de confiança e de autoconfiança, de manejo de expectativas. A troca de casais é uma das fantasias mais almejadas, mas também uma das mais frustrantes”, pondera a psicóloga.
Isso porque uma das pessoas do casal pode participar da experiência com a perspectiva dela e, às vezes, esquece que a outra parte pode curtir até mais do que o esperado. “Se algo sai do script idealizado por aquela pessoa, pode ser que ela se descubra ansiosa, insegura, ciumenta, possessiva e mude alguns comportamentos”, explica.
Para evitar problemas futuros, a orientação da psicóloga é que haja muito diálogo, mesmo que sejam nos pequenos detalhes. “A maioria das pessoas vai para essas atividades sem discutir coisas mínimas, como, por exemplo, se um beber demais, os quatro continuam ou para tudo porque todos têm que estar minimamente sóbrios?”
E não é um exemplo bobo. Esse tipo de caso já foi levado ao consultório da terapeuta de casais e gerou um mal-estar entre os envolvidos, já que uma das partes apagou por ter bebido demais e a outra parte seguiu com o sexo a três.
“São coisas pequenas que normalmente não entram nos cálculos, especialmente se você não conversa com outras pessoas que praticam”, orienta a especialista, sugerindo a busca de fóruns e comunidades on-line.
Confiança é fundamental: ‘Swing não salva casamento, afunda de vez’
Para Camila Voluptas, frequentadora de clubes de swing com o marido, a confiança entre o casal é a chave para manter um relacionamento liberal. “Não adianta dizer que vai para o swing porque o marido vai ter a opção de ficar com outras mulheres junto comigo e que não vai ficar com outras mulheres longe de mim”, avisa a liberal influencer, como ela se define.
Experiente no assunto, Camila alerta os casais que pensam em experimentar essa prática para solucionar problemas no relacionamento: “O swing não salva casamento e nem evita traições, pelo contrário, se a relação estiver ruim, afunda de vez. Mas é uma ferramenta para o casal redescobrir uma nova sexualidade"
Ela ressalta que viver um relacionamento de transparência ajuda a quem deseja ingressar nessa experiência. “Não é que você vai ter uma ferramenta de controle. Eu, por exemplo, nem olho o celular do meu marido, confio nele. O grande vilão nos relacionamentos das pessoas é a paranoia.”
Primeira vez na casa de swing: apenas para observar
A influenciadora aconselha que os casais, antes de conhecerem uma casa de swing, desenvolvam melhor a intimidade na cama:
“Vale usar brinquedinhos para imaginar que está com outra pessoa, explorar todas as partes do corpo, imaginar ao sentir os toques em vários lugares do corpo ao mesmo tempo. Se deu tesão na cama, aí, sim, você vai conhecer uma casa de swing!”.
E como você pode frequentar o espaço e não tem obrigação de nada, ela sugere uma observação para ter material suficiente para levar para casa e avaliar sobre o que os dois estariam dispostos a fazer ou não.
“Um casal também pode continuar sendo monogâmico, frequentando casa de swing só para assistir. A sociedade normaliza que a gente veja a pornografia na tela, mas não pessoalmente”, opina a influencer.
Para a sexóloga, o caminho da observação é uma proposta interessante para que o casal ganhe mais segurança. “Pode acontecer de uma das partes chegar na hora, recuar e desistir. Na casa de swing tem um cortejo, não é uma coisa direta, é preciso ter um grau de conforto com a outra parte. Conversem sobre isso e depois vejam se querem continuar a perseguir esse caminho”, sugere Caroline Brüning.
“É legal discutir quais foram as sensações desse primeiro encontro porque, às vezes, quando começa a se tornar realidade, a pessoa pode pensar que se sentiria de uma forma, mas bate de outra”, alerta.
Regras: o que pode e o que é proibido entre o casal e na casa de swing
É uma realidade. O casal precisa criar regras para viver a experiência do swing da forma mais prazerosa para os dois. “Ambas as partes têm que ter uma ideia do que consideram um limite. Alguns casais consideram o beijo ou não querem um contato visual muito prolongado com a outra parte”, lista a psicóloga.
Conhecer pessoas que já praticam a troca de casais pode ajudar a entender o que é relevante incluir nesses acordos. Conheça algumas cláusulas comuns entre casais:
- O que pode ou não fazer (beijo, contato visual)?
- Tem que estar todo mundo junto no mesmo ambiente ou pode se encontrar separado?
- Pode ser na nossa cidade ou vai ser em outra cidade?
- Vai ser durante a semana ou fim de semana?
- Que tipo de toque?
- Com penetração ou sem penetração?
- Quais posições são liberadas?
Caroline Brüning ressalta que se neste contrato houver muitas cláusulas, “muitos poréns e muitas vírgulas”, vale a pena reavaliar o quanto ambas as partes estão realmente querendo.
“Por isso conversas bem profundas são essenciais”, opina a especialista. Já a regra do swing, em geral, é "não colocar a mão em ninguém sem permissão".
Segundo Camila Voluptas, sempre que houver interesse em tocar alguém, a pergunta deve ser feita diretamente à pessoa ou a quem a acompanha. “Se ela está em uma cama com outras pessoas e você começa uma interação, você não chega e coloca a mão direto nela, pode ser que ela não queira”, explica a praticante.
Com a popularização do swing, a influenciadora explica que alguns iniciantes estão chegando com o costume das baladas convencionais e tocam nas pessoas sem consentimento: “Se isso acontece, ela é convidada a se retirar, não é bem aceita. A denúncia deve ser feita para o gerente da casa. A outra regra é não é não.”
Swing com preservativos: uma opção entre os casais
Uma das cláusulas presentes nos acordos entre casais é sobre o uso de preservativos. Camila e o marido costumam evitar experiências com casais que não usam.
“Raramente a gente fica com pessoas que não usam, mas ainda assim há aqueles que optam por não usar. Cabe a cada pessoa definir”, explica ela.
Um dos ambientes que ela prefere se distanciar é do Glory Hole (cabines com buracos nas paredes): “Não me sinto confortável, porque a pessoa vai colocar a mão em mim e eu não sei onde ela pôs a mão, se limpou corretamente, se trocou o preservativo. Então tem algumas regras de cuidados que têm que se tomar.”
Por que é indicado buscar comunidades de swing nas redes sociais?
Camila compartilha as suas experiências com quem deseja conhecer uma casa de swing. Uma delas é que cada cidade tem a sua balada liberal (expressão mais comum nas buscas de ambiente dedicado à prática).
“Aconselho os casais a fazerem parte das redes de swing. Tem um site chamado 'Sexlog' onde as pessoas podem se conhecer, gerar afinidade com outras pessoas”, aconselha a liberal influencer.
As redes sociais são um caminho para te ajudar a conhecer e conversar com outros casais liberais e as visitas às casas liberais (ou casas de swing) são um bom começo para entender melhor como tudo acontece. “É sempre legal entrar, ver as recomendações e o que as pessoas estão falando”, explica.
Há quem prefira experimentar essa prática com desconhecidos, mas a youtuber compartilha uma experiência que deixou ela e seu marido assustados: “Hoje, gostamos de sair primeiro para jantar com o casal ou com a pessoa solteira para trocar ideia, para ver se gera uma química ou afinidade. Tem que ter compatibilidade. As redes sociais ajudam nisso.”
“Sou uma pessoa que gosta do sexo voltado para um lado mais romântico, com toques delicados, e já aconteceu de sairmos com um casal que mordia, batia e sentíamos dor. Isso gera um clima desconfortável, porque vou pedir para pararem e a noite termina ali. A troca nas redes sociais ajuda que você conheça minimamente a pessoa. Claro que tem que tomar cuidado, é importante marcar o primeiro encontro sempre em lugares públicos.”
O que leva os casais a recorrerem à prática de swing?
De acordo com a psicóloga, vários motivos levam os casais a buscarem essa experiência. E ela lista as razões mais comuns:
- Uma ou ambas as partes são curiosas sexualmente e querem ter a oportunidade de explorar outras práticas sexuais;
- Pode rolar um fetiche voyeurista quando uma das partes do casal quer assistir a interação da outra parte com outro casal, ou o próprio casal deseja ver outro casal;
- Algumas pessoas têm dificuldade, por uma série de fatores, de ter vínculos firmes e duradouros em um relacionamento e vê o swing como possibilidade de ativar a incerteza, o frio na barriga, adrenalina, busca por uma coisa diferente;
- Algumas pessoas gostam de quebrar regras do que é proibido, do que é diferente, do que é tabu;
- Alguns casais são muito competitivos e ciumentos, de repente, na dinâmica daquele casal, deixar o outro com ciúmes é altamente excitante para ambas as partes;
- Uma forma de tentar manter o casamento, porque estão se distanciando emocionalmente, estão num momento de muita tensão, ou às vezes uma traição surgiu entre os dois e eles decidem abrir a relação para que ambos tenham o mesmo direito de explorar;
- Muitos casais que não têm um vínculo tão forte com sexo e que para eles a prática sexual com outros casais é quase um esporte, não vão para casa incomodados ou inseguros, pois curtem aquilo e até fortalecem os vínculos de confiança e intimidade;
- Vale incluir a questão cultural, na qual pessoas crescem em um meio ou têm experiências, principalmente na adolescência, em que troca de casais não é uma ideia absurda, então por que não fazer?